Editorial

Na batalha de egos, ninguém vence

Felizmente o governador Eduardo Leite (PSDB) teve a grandeza de mudar de ideia a tempo e, ontem, estar presente em Hulha Negra para acompanhar a visita da comitiva de representantes do governo federal ao Rio Grande do Sul para conferir de perto amostra do drama enfrentado pelo Estado com a estiagem. Mudança de planos que só ocorreu horas antes do evento, após a sociedade gaúcha - através de cidadãos comuns, imprensa e políticos locais - demonstrar surpresa frente a uma anunciada ausência do chefe do Executivo local ao ato em que a União confirmaria sua parcela de contribuição ao RS e seus milhares de cidadãos afetados pela falta de chuvas.

Inicialmente, Leite havia se equivocado ao informar através de sua equipe que não estaria ao lado dos ministros no interior do Estado porque teria lhe faltado o convite formal com antecedência. Levando em conta que de fato o governo federal tenha planejado agenda oficial sem comunicar à principal autoridade estadual, Brasília falhou feio. Contudo, ao indicar que não prestigiaria o anúncio de medidas da União contra a seca, mantendo compromissos em Porto Alegre, porque teria sido convidado somente após a agenda ter sido tornada pública via imprensa, o governador indicava ter tomado como ofensa pessoal a falta de protocolo do Planalto e seus representantes. O que, perante a gravidade do momento e a necessidade de todo apoio possível a quem está sem água, não caberia. A presença de todos os atores públicos com algum poder de mobilização e ação é fundamental, está acima de qualquer erro, falha ou descortesia. Leite representaria _ representou _ o Rio Grande. O Estado e os cidadãos que enfrentam perdas econômicas, de lavouras, de animais, a escassez.

Aliás, é preciso ficar claro que o governo federal também trocou os pés pelas mãos na condução da sua visita ao RS. Mais do que não informar o governador previamente, às vésperas de desembarcar no Estado o ministro Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária, destacou em entrevista que queria "ver o que o governo do Estado vai fazer", em provocação desnecessária e mal informada diante do que havia sido anunciado dias antes por Leite sobre o tema.

Ninguém é ingênuo a ponto de desconsiderar que visita como a de ontem a Hulha Negra é, também, um ato político. No entanto, há momentos em que mesmo tais ações simbólicas devem carregar maior responsabilidade com posturas republicanas, impessoais. Disputas políticas por protagonismo frente a um drama como o da estiagem, ou simples incapacidades de controlar egos, em nada ajudam.

Afortunadamente, no fim das contas estiveram juntos em Hulha Negra os governos federal, estadual e de vários municípios. E as medidas foram anunciadas e, agora, terão suas execuções cobradas. Assim deve ser para que todos os gaúchos saiam ganhando.

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